Páginas

Translate

Os mascotes de Marília


                                           Foto: arquivo da ONG Associação Caatinga


Ele já começa a aparecer nos jogos do Brasileirão. É o tatu-bola, espécie da nossa caatinga escolhido para ser o mascote da Copa 2014. A coincidência não poderia ser melhor. No último domingo, estava almoçando na casa de uma amiga bióloga, a Marília Marini, que fez tese de mestrado sobre o bicho. Depois disso, o tatu-bola tornou-se o mascote particular dela. O bichinho espalha-se pela casa, em forma de banquinho, escultura na mesa lateral da sala de estar, bicho de pelúcia no quarto e vários outros formatos, materiais e cores, todos pequenininhos, da coleção à mostra na prateleira de parede.
 “Fiquei muito feliz com a escolha”, disse ela, olhando para mim com aquele olhar de felicidade que apresentamos em momentos especiais da nossa vida. “Espero que esse mascote chame atenção para a caatinga e resulte em liberação de recursos para pesquisas nesse bioma, que é sempre esquecido”, disse ela que me deixou sozinha por alguns instantes. Voltou com uma pasta transparente, de elástico, onde estava guardada uma cópia da tese. Ela me mostrou, empolgada, as fotos que tirou ao sair à caça do bichinho, em regiões de borda de cerrado.
Uma jornada inesquecível, dirigindo um fusquinha, pelas estradas de terra desse nosso Brasilzão. Admiro essa paixão dos pesquisadores. Marília escreveu a tese na década de 1990 e recebeu elogios da banca examinadora pela importância da pesquisa, a primeira a registrar a ocorrência do tatu-bola fora do bioma caatinga. E me arrependo pelo dia em que a questionei sobre por que pesquisar o tatu-bola. Lembro da minha frase infeliz: “Tatu-bola? Por que você não estudou outro bilho?” Ela nem respondeu, mas deve ter refletido sobre a minha santa ignorância. Nada, portanto, como um dia após o outro...
Enfim, o tatu-bola está aí. E é o nosso mascote. Até novembro está em votação popular três opções de nomes para batizá-lo: Amijubi (amizade + júbilo), Fuleco (futebol + ecologia) e Zuzeco (azul + ecologia). Eu, particularmente, não gostei de nenhum. Voto no que acho menos pior:  Fuleco ... e que, ainda assim, parece bicho-fuleiro. Bom, eu batizaria o tatu-bola com o nome de Caafu  (mistura de caatinga e futebol). Para votar basta acessar o site oficial da Fifa.
 Afinal de contas, a iniciativa de transformar o tatu-bola em mascote partiu da Associação Caatinga que quis chamar atenção sobre a possibilidade de extinção do animal, que só existe no Brasil. A Associação Caatinga é uma ONG do Ceará que luta para proteger a espécie. Lembro de uma viagem que fiz pela caatinga cearense a bordo de um pau-de-arara. Numa das paradas, diante de um casebre de barro coberto por folhas secas de palmeira, um menino de pé no chão embalava um tatu-bola e mantinha uma mão estendida, à cata de alguns trocados. Foi a única vez que vi um tatu-bola. Achei-o curioso, unhas ameaçadoras, bonito. 


Pesquisá-lo foi uma ideia genial! E transformá-lo em mascote também. Ah, antes que me esqueça, eram concorrentes a arara-azul, a onça-pintada, o canário, o papagaio, o mico-leão-dourado e até o folclórico Saci. 

Quer saber por que o tatu-bola mereceu o título? 

Clique aqui e acesse o site da Associação Caatinga. 

 

Um comentário:

  1. Bacana esse post, Rovênia.

    Gostei.

    Vamos vê-lo muito de agora em diante na mídia.

    Respeitoso abraço!

    ResponderExcluir

Faça o seu comentário!