Ler, antes de tudo, ler. Leio tudo que acho pela frente. Atualmente,
estou lendo dois livros: o terceiro da saga de Harry Potter (O Prisioneiro de Azkaban) - que venham as críticas
que não estou nem aí - e Estrela Solitária – um brasileiro chamado
Garrincha, biografia escrita por Ruy Castro. Lá pelo meio vem a história
do Simca Chambord, o primeiro carro do jogador de pernas tortas que garantiu ao
Brasil o bicampeonato na Copa do Mundo do Chile, em 1962. Garrincha nem tinha carteira
de motorista, não sabia dirigir, mas ganhou o concurso promovido pelo Jornal
dos Sports e que daria o carrão de luxo para o jogador mais popular do Brasil.
Contou com a ajuda dos amigos para comprar cupons do jornal para vencer.
Sabe, se não lemos esquecemos
nuances da nossa história. Garrincha e o Simca Chambord são exemplos. Se ninguém
registra a biografia desse grande craque que nasceu em Pau Grande, uma
localidade do município de Magé (RJ), e fez história no Botafogo, a nova geração
só ficaria sabendo dele o óbvio, que foi um grande jogador, exímio na arte de
driblar e só. Mas o melhor é ler o livro
e descobrir a vida fascinante do craque. Quanto ao Simca Chambord eu não sabia
era nada. Como não sou ligada eu carro, só me lembro da música da banda Camisa
de Vênus, que fez sucesso na minha adolescência, na década de 1980. Fui ouvi-la
novamente 12 anos atrás, quando meu atual marido comprou um CD da banda e ficava
cantando fora do ritmo o refrão “eu comprei um carro e ele se chama Simca
Chambord ...”
Simca Chambord foi o primeiro
carro de luxo feito no Brasil na época. A fábrica foi fundada em 1958 em São Bernardo do
Campo, cidade do Lula, e ficou aberta até 1967, quando foi comprada pela
Chrysler. De banco de couro e quatro
portas, o Sinca Chambord foi lançado em 1959 com design que lembrava o estilo
americano. Só sei que Garrincha foi de carro para o sitio de um amigo num dia
daqueles de chuva forte. No outro dia, o Simca Chambord flutuava... Diz no
livro de Ruy Castro que o carro nunca mais foi o mesmo. Enfim, luxo, grana e
carrão nunca foram o forte de Garrincha. Ele gostava mesmo era de jogar bola,
de mulher e de bebida. Não ficou com vontade de ler o livro?
Na foto, Garrincha com o Simca Chambord
ao fundo (na foto, Mané com Gilmar dos Santos Neves, goleiro do Santos e da
Seleção Brasileira bicampeã do mundo em 1961-62. À esquerda, de terno
preto, o jornalista Mário Filho)